Sambaqui Lagoa dos Freitas recebe equipe da Unesc/Iparque

Conchas, restos de alimentos, fragmentos de material feito em rocha, mamíferos, peixes e até ossos humanos. Tudo isso já foi encontrado no Sambaqui Lagoa dos Freitas, no Balneário Rincão, onde uma equipe do Setor de Arqueologia da Unesc/Iparque trabalha há pelo menos duas semanas. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a Prefeitura Municipal e a Santa Clara Empreendimentos.

A área do Sambaqui, que fica dentro de um loteamento, já foi cercada por um muro de contenção, a fim de demarcar e manter a integridade do local. Os Sambaquis, bastante conhecidos na região, são áreas erguidas ao longo do litoral brasileiro compostas basicamente por conchas, porém onde também são encontrados materiais que ajudar a contar parte da história desse povo, já que não existem registros escritos deixados por eles.

Ainda não há uma comprovação final, mas estima-se a partir do material encontrado no local que o sítio seja datado de 3.500 a 4 mil anos. Segundo Juliano Bitencourt Campos, arqueólogo da Unesc e coordenador do projeto, a intenção é preservar a área e transformá-la em um sítio-escola, com escavações pelo menos duas vezes ao ano. “Queremos deixar um local organizado, para que a comunidade também possa usufruir desse espaço. Já encontramos alguns fragmentos interessantes, e podem aparecer surpresas, mas só com o avanço da escavação é que vamos saber”, comentou Juliano.

Uma área ao lado do Sambaqui foi reservada para se tornar um espaço público. Segundo o prefeito Décio Góes, a Santa Clara Empreendimentos entendeu a importância desse patrimônio arqueológico, e por isso foi parceira. “A ideia é a construção de um espaço, uma praça, complementando o Sambaqui, e podendo oferecer infraestrutura para receber estudantes, pesquisadores, entre outros, além de se um atrativo diferenciado”, destacou Décio.

Segundo o arqueólogo Rafael Casagrande da Rosa, que faz parte da equipe que trabalha no Sambaqui, a partir do que se encontra abre-se um leque de informações, de onde veio aquele elemento, a que espécie pertence e como era o ambiente naquela época, por exemplo. “Esse é um ambiente dinâmico, com lagoas ao redor e o mar, então estima-se que os sambaquianos ficavam  nesse local por ser mais estável, mais alto e mais seco”, explicou Rafael.

A equipe deve trabalhar pelo mais 15 dias no local, a fim de liberar uma área por onde falta passar o muro de contenção. Porém, a pesquisa continua, tanto em campo quanto no laboratório. São os detalhes e a minúcia dessas escavações que ajudarão a remontar a história da região a partir do que é encontrado no local, oficialmente nomeado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Sitio Arqueológico SC – ARA – 030 Sambaqui Lagoa dos Freitas.